Bases Históricas do Visagismo - O belo através das Eras: Livro II / Ro- bson Trindade, Tania Trindade, Thaís Trindade, Glauber Serafim, Daniela Oliveira
O BELO NA MODERNIDADE
Após séculos de teorias sobre a beleza, seja ela aparência física ou arte, foi somente no século XVIII que a estética surgiu como disciplina: este termo surge em uma publicação, no ano de 1750, da Aesthetica de Baumgarten (1714 -1762).
A palavra “estética” vem do termo grego “aisthesis”, que significa “percepção”, “sensação”. A disciplina surgiu a partir da união entre as teorias da beleza e do sensível, algo que só foi possível graças ao empirismo inglês da primeira metade do século XVIII, iniciado por Locke.
Dessa maneira, essa disciplina trata da sensação e da expe- riência. Designa a relação do homem com o mundo que o cer- ca, através de sua percepção. É importante dizer que a estética tem dois sentidos: o da percepção, que é reservada ao domínio do belo e das artes, diferente dos objetos do pensamento, que são concebidos na mente. Mas outro fator deve ser acrescenta- do na evolução dessa nova disciplina. Todo sentir que resulta de um estímulo externo (formas, cores, sons, texturas, cheiros) vem acompanhado de um sentimento de prazer ou desprazer. A estética sempre esteve na união entre o sentir e o sentimento, sendo que o “sentimento do belo” é entendido como a emoção ou o prazer estético experimentado na percepção das coisas.
Posteriormente, a estética deixa o cuidado de definir as características do belo em segundo plano, enquanto valoriza o sentimento da beleza.
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Na modernidade, os teóricos se recusaram a relacionar a beleza ao objeto, deixando a responsabilidade de julgá-la ao su- jeito que entra em contato com o objeto.
Kant (1724 -1804) foi o primeiro a definir os critérios de um juízo de estética, sem a necessidade de definir o belo, em Crítica da Faculdade do Juízo. Para ele, o belo é um concei- to indefinido e não pode estar no objeto, pois não pode ser estabelecido antes da experiência. Só é atribuído ao objeto a partir de um sentimento de prazer provocado pela percepção. É subjetivo, pois não nos informa nada sobre a coisa, apenas o sentimento que o sujeito sente ao percebê-la e é reflexivo, pois o sujeito julga seu próprio pensamento sobre ela como prazeroso ou desprazeroso. Kant distingue o belo do bom (o que agrada por meio da razão) e do agradável (o que exige aceitação dos sentidos)
Hegel (1770 - 1831), por sua vez contraria a opinião cor- rente que considera “a beleza criada pela arte seria inferior a da natureza”, sendo portanto contrário também à proximidade da beleza artística em relação à natureza, imitar não é a maior vir- tude de beleza artística.
Desse modo, “julgamos nós poder afirmar que o belo ar- tístico é superior ao belo natural por ser um produto do espíri- to, que ser superior à natureza comunica essa superioridade aos seus produtos, e, por conseguinte, à arte”, sendo superior ao belo natural o belo artístico.
Enquanto tudo isso acontecia no campo filosófico, a partir do século XVII a aparência dos europeus começava a sofrer uma mudança: os enfeites e adornos, que ressurgiram com o Renascimento porém eram utilizados somente pelas mulheres, passaram a entrar no vestuário masculino também.
Exemplo de roupas masculinas usadas no século XVII.
E não só nas vestes, mas também no comportamento: me- suras, gestuais elegantes e pomposos e novas regras de etiqueta e boas maneiras passam a fazer parte dos “protocolos” da corte.
A preocupação com penteados, roupas e barbas passa a fa- zer parte dos assuntos tratados entre homens. E a mais auste- ra moda espanhola, que antes era referência para toda Europa, passa a ser substituída pelas influências britânicas e francesas, muito mais cheias de rendas, bordados, brocados, veludos e se- das. Calções volumosos que vão até os joelhos vestem as pernas masculinas. Perucas longas e cacheadas, que chegam até abaixo dos ombros, tornam-se itens comuns no visual. As barbas e bi- godes muito bem aparados e modelados, eram arredondados nas pontas.
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