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As Bases do Visagismo - Livro 1 Origens e Interpretações do Belo - Prof. Dr. Robson Trindade

As Bases do Visagismo Se a pergunta fosse “Qual a primeira manifestação do visagismo da História”, a resposta seria “Deus”. Na natureza, nas criaturas, na forma das coisas e na maneira como, se não houvesse intervenções externas, tudo se equilibra naturalmente, vemos a que é conhecida como “Assinatura de Deus”: a proporção Áurea.
A Divina Proporção é um número infinito que se inicia com 1,618. Esse número é utilizado nas artes e no design para criar proporções considerada agradáveis aos olhos e partiu da descoberta de um matemático italiano chamado Leonardo Fibonacci, no ano de 1202, que descreveu o crescimento de uma população de coelhos partindo do pressuposto de que um casal teria um casal de filhotes e os casais seguintes seguiriam o mesmo padrão. Desse pensamento surgiu a, hoje conhecida como Sequência de Fibonacci, sequência infinita de números inteiros que se inicia em 0 e 1 e cujos próximos números são uma soma dos dois anteriores. Sendo: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 610 e assim sucessivamente. Representando-a com quadrados postos lado a lado, criamos o chamado Retângulo de Ouro, que pode se reproduzir dentro de si mesmo infinitas vezes e, com ele, é possível formar uma espiral perfeita. Bases Históricas do Visagismo: Origens e Interpretações do Belo | 11 Essa espiral é a estrutura que orienta diversos exemplos da natureza como conchas, novas folhas de samambaia, cauda do camaleão, curvatura do marfim dos elefantes, padrão de crescimento das sementes de girassol e muitos outros. Embora esses valores sejam aproximados, já que a natureza não é construída com geometria exata, chegamos a valores muito semelhantes à sequência ao calcular suas proporções. Curiosamente, dividindo os números da Sequência de Fibonacci pelo número anterior, chegamos a valores aproximados da proporção áurea. Quanto mais adiante na sequência, mais o resultado dessa divisão se aproxima de 1,618. É assim que percebemos que o nosso corpo, a natureza e o mundo não foram criados ao acaso. E que a matemática é uma ciência tão abrangente que pode até se transformar em arte. A Proporção Áurea na Arte Encontramos a Divina Proporção em diversas obras de arte, todas elas em busca da beleza perfeita. Na Antiguidade, a proporção surge na forma do já citado Retângulo de Ouro que era considerado belo. O encontramos em diversas criações, que vão da arquitetura às obras de arte. A encontramos, por exemplo, em O Nascimento de Vênus, quadro de Botticelli. Nessa obra, a anatomia da deusa Afrodite foi toda criada com a famosa proporção. Leonardo Da Vinci também se utilizou da proporção em obras como Mona Lisa e no Homem Vitruviano, que foi todo construído com as ideias de proporção e simetria aplicados à concepção de beleza humana. Salvador Dalí aplicou a proporção nas dimensões da tela O Sacramento da Última Ceia. E não apenas nas artes visuais, mas na música também encontramos exemplos: Ludwig Van Beethoven e Claude Debussy utilizaram tal proporção em suas composições, como a Sinfonia no 5 e várias sonatas. Em busca da perfeição, a humanidade trouxe a matemática e a natureza para suas criações. E é aqui que começamos a falar de estética. 12 | Bases Históricas do Visagismo: Origens e Interpretações do Belo A Vaidade na Pré-História Em 30.000 a.C. até 10.000 a.C. a beleza não existia. Não nos conceitos que conhecemos hoje. A humanidade estava no início de sua consciência e a evolução tinha como objetivo suprir as necessidades mais básicas da sobrevivência. Portanto, o homem conhecido como Cro-Magnon se desenvolvia criando artefatos de ossos e chifres que ajudavam no cotidiano. Suas roupas eram feitas de peles, já que desconheciam o tear. Junto às ferramentas rudimentares, lentamente, surgia o início de uma intenção de se diferenciar na comunidade através da aparência. Assim que o ser humano deixou de ser nômade e começou a construir seus próprios abrigos, ainda bastante primitivos, as comunidades passaram a se organizar: artesãos e artífices construíam armas, utensílios de barro e outras peças, enquanto os artistas se dedicavam às pinturas rupestres. Esses grupos eram sustentados pelo resto da tribo, que caçava, pescava e plantava, para que eles pudessem se concentrar em seu trabalho e não na subsistência. Dessa maneira, o ser humano começou a demonstrar sua necessidade de se destacar pela aparência, vestindo adornos de conchas ou colares com dentes e garras de animais abatidos. Seus adornos eram provas de sua bravura. Exibidas dessa forma, essas qualidades o alçavam aos poucos ao posto de líder, já que a escolha é óbvia: o mais capaz de garantir a sobrevivência e segurança da tribo se torna o responsável por ela. O objetivo de tais adornos, no entanto, não era enfeitar. A maior preocupação deste início da sociedade era manterem-se alimentados, seguros e protegidos do frio. Não havia o conceito de embelezamento corporal que temos hoje e sim, de diferenciação por habilidades e conquistas. Também foi nesse período que surgiram as primeiras manifestações artísticas. As pinturas rupestres registradas nas paredes das cavernas representavam o cotidiano do povo do Paleolítico Superior. Nelas também vemos representadas as crenças destes homens: não há figuras de árvores ou plantas, pois retratar animais garantia uma caça bem sucedida. Em alguns desses desenhos há indícios de que a pintura corporal começou a fazer parte do ato de se enfeitar: os desenhos eram feitos com os dedos em tons terrosos, do ocre, ou de minas de calcário branco.

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