MORFOLOGIA DA FACE E COMUNICAÇÃO SILENCIOSA (OCULTA) ATRAVÉS DO FORMATO DO ROSTO
FACE MORPHOLOGY AND SILENT (HIDDEN) COMMUNICATION THROUGH FACE SHAPE
RESUMO
Este artigo examina a intricada relação entre a morfologia
facial e a comunicação não verbal, destacando a impor- Autores: tância da estrutura facial na transmissão de sinais ocultos
Robson TRindade; Tânia TRindade; Thaís TRindade; PieTRo TRindade; Gislene caRvalho
e subliminares em interações sociais. Por meio de uma re- visão interdisciplinar de literatura que abrange áreas como psicologia, neurociência, antropologia e tecnologia da in- formação, discutimos como características faciais especí- ficas influenciam a percepção, formação de impressões e processos de tomada de decisão em diversos contextos sociais. Analisamos também o papel das variações cultu- rais e biológicas na interpretação das expressões faciais, revelando a complexidade dos mecanismos subjacentes à comunicação não verbal. Este estudo enfatiza a relevância de compreender a comunicação facial para o aprimora- mento das interações humanas, bem como para o desen- volvimento de tecnologias de reconhecimento facial mais sensíveis às nuances da expressão humana. A investigação destaca a morfologia facial como um campo de estudo multidisciplinar crucial, cujos insights podem contribuir significativamente para a compreensão da comunicação humana em um nível mais profundo.
ABSTRACT
The intricate relationship between facial morphology and non-verbal communication forms the crux of human in- teraction, where facial structures serve as pivotal elements in conveying subliminal and implicit messages. This paper delves into the nuances of how facial features influence the perception and interpretation of non-verbal cues, un- derpinning social interactions and emotional exchanges. Through a detailed examination of the geometric and ex- pressive facets of the face, it underscores the significance of facial morphology in transmitting hidden signals that impact interpersonal relations and decision-making pro- cesses. The study synthesizes findings from psychology, neuroscience, and cultural studies, illustrating the multifa- ceted nature of facial communication and its universal yet culturally nuanced expressions. The exploration reveals
Palavras-chave: Morfologia Facial, Comunicação Não Ver- bal, Expressões Faciais, Percepção Social, Tecnologia de Reconhecimento Facial.
42 REVISTA A01 ACADÊMICA - Red Fox Editora, v.2 n.1, abr. 2024 - e-ISSN 2675-7850
A R T I G O S
how facial attributes such as symmetry, pro- portion, and expressions play essential roles in the formation of social judgments and the efficacy of non-verbal communication across different cultural contexts.
mente em sistemas de reconhecimento facial. Este texto também abordará a interseção entre a biologia, a psicologia e as influências culturais na formação e interpretação da co- municação facial, revelando como a compre- ensão da morfologia facial pode contribuir para o desvendamento dos processos implíci- tos que regem as interações humanas. Ao en- tender como os rostos comunicam emoções, intenções e traços de personalidade, podemos ganhar uma perspectiva mais profunda sobre a natureza intrincada da comunicação huma- na, evidenciando a importância de ir além das palavras para capturar a essência da interação
social.
EXPRESSÃO NÃO-VERBAL: COMO A MORFOLOGIA FACIAL INFLUENCIA A PERCEPÇÃO E A COMUNICAÇÃO
A expressão não-verbal, especialmente a morfologia facial, desempenha um papel sig- nificativo na comunicação humana, influen- ciando a percepção interpessoal e a interação social. A configuração e o movimento dos tra- ços faciais podem transmitir uma ampla gama de emoções e intenções, afetando como os in- divíduos são percebidos e como suas mensa- gens são interpretadas. Estudos em psicologia e neurociência destacam a importância da face na comunicação não-verbal, onde expressões faciais podem servir como canais cruciais para a transmissão de emoções e estados mentais (Ekman, P., & Friesen, W. V., 1971. “Cons- tants across cultures in the face and emotion.” Journal of Personality and Social Psychology, 17(2), 124-129). A morfologia facial, incluindo a estrutura óssea, a musculatura e a pele, con- tribui para a produção de expressões que são essenciais para a comunicação não-verbal. As
Keywords: facial morphology, non-verbal communication, subliminal signals, interper- sonal relations, cultural nuances
INTRODUÇÃO
A comunicação humana é um fenômeno multifacetado que vai além da simples troca de palavras, envolvendo uma rica gama de si- nais não verbais, entre os quais a morfologia facial se destaca por seu papel fundamental. A face humana é um instrumento de comuni- cação altamente sofisticado, capaz de transmi- tir uma vasta quantidade de informações em questão de segundos, moldando percepções, influenciando julgamentos e facilitando inte- rações sociais. Este texto visa explorar a com- plexa relação entre a estrutura facial e a co- municação não verbal, particularmente no que diz respeito aos sinais de comunicação ocultos e subliminares que influenciam as interações humanas de forma profunda e muitas vezes inconsciente.
Ao delinear as nuances da morfologia fa- cial, investigaremos como diferentes caracte- rísticas, como a simetria, as proporções e as expressões faciais, contribuem para a comu- nicação e formação de impressões sociais. A capacidade de ler e interpretar esses sinais não verbais é crucial para a compreensão mútua e a construção de relacionamentos interpessoais eficazes. Além disso, o estudo da comunicação facial oferece insights valiosos para campos aplicados, como a psicologia clínica, a nego- ciação, o marketing e o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial, especial-
REVISTA A01 ACADÊMICA - Red Fox Editora, v.2 n.1, abr. 2024 - e-ISSN 2675-7850 43
características faciais, como a largura da man- díbula, a altura das sobrancelhas ou a profun- didade dos olhos, podem influenciar a percep- ção de características de personalidade, como confiabilidade, agressividade e atractividade (Todorov, A., Said, C. P., Engell, A. D., & Oos- terhof, N. N., 2008. “Understanding evalua- tion of faces on social dimensions.” Trends in Cognitive Sciences, 12(12), 455-460).
Além disso, a percepção da expressão fa- cial não é apenas uma questão de reconheci- mento de emoções, mas também está profun- damente enraizada em processos cognitivos e culturais que influenciam como interpretamos as intenções e características dos outros. Por exemplo, a cultura desempenha um papel sig- nificativo na forma como as expressões faciais são decodificadas e compreendidas, com va- riações observadas entre diferentes sociedades na interpretação de certas expressões faciais (Matsumoto, D., & Hwang, H. S., 2013. “Cul- tural similarities and differences in emblema- tic gestures.” Journal of Nonverbal Behavior, 37(1), 1-27). Isso indica que a comunicação não-verbal, através da morfologia facial, é um fenômeno complexo que abrange aspectos biológicos, psicológicos e culturais.
O reconhecimento das emoções faciais, uma habilidade crucial para a comunicação eficaz, é mediado por áreas específicas do cé- rebro, como a amígdala, que são especializadas na processamento de informações emocionais e na avaliação da importância social dos estí- mulos faciais (Adolphs, R., 2002. “Recognizing emotion from facial expressions: psychologi- cal and neurological mechanisms.” Behavioral and Cognitive Neuroscience Reviews, 1(1), 21-62). Isso demonstra a importância dos as- pectos neurológicos na interpretação das ex- pressões faciais. A habilidade de interpretar corretamente essas expressões é fundamental
para a comunicação não-verbal, pois permite aos indivíduos responder de maneira adequa- da nas interações sociais, facilitando a cons- trução de relacionamentos interpessoais e a coordenação de atividades em grupo.
Portanto, a morfologia facial e as expres- sões relacionadas são componentes essenciais da comunicação não-verbal, influenciando a percepção e a interação social. A compreensão desses elementos não-verbal pode melhorar significativamente a habilidade comunicativa, destacando a importância de considerar as nu- ances da expressão facial na psicologia social e na comunicação interpessoal.
DECIFRANDO EMOÇÕES: O IMPACTO DO FORMATO DO ROSTO NA COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL
O formato do rosto tem um impacto pro- fundo na comunicação não-verbal, pois as ca- racterísticas faciais moldam as primeiras im- pressões e influenciam como as emoções são percebidas e interpretadas. Diversas pesquisas têm destacado que a morfologia facial afeta a leitura de sinais emocionais, onde formatos de rosto específicos são associados a certos tra- ços de personalidade ou estados emocionais, influenciando a percepção interpessoal e a in- teração social (Zebrowitz, L. A., & Montepa- re, J. M., 2008. “Social Psychological Face Per- ception: Why Appearance Matters.” Social and Personality Psychology Compass, 2(3), 1497- 1517). Por exemplo, rostos com características mais angulares e marcadas são frequentemente percebidos como mais dominantes e, às vezes, menos amigáveis, enquanto rostos com carac- terísticas suaves são associados à amabilidade e acessibilidade (Todorov, A., Mandisodza, A. N., Goren, A., & Hall, C. C., 2005. “Inferen-
44 REVISTA A01 ACADÊMICA - Red Fox Editora, v.2 n.1, abr. 2024 - e-ISSN 2675-7850
A R T I G O S
ces of competence from faces predict election outcomes.” Science, 308(5728), 1623-1626).
A importância do formato do rosto na comunicação não-verbal também é evidencia- da no contexto da expressão emocional, onde estudos indicam que certos formatos de ros- to podem amplificar ou atenuar a percepção das emoções expressas. Por exemplo, pesqui- sas demonstram que o formato do rosto pode afetar a intensidade percebida da expressão de emoções como alegria, raiva e tristeza, im- pactando na forma como as pessoas interpre- tam essas emoções e reagem a elas (Hess, U., Adams, R. B., & Kleck, R. E., 2009. “The face is not an empty canvas: how facial expressions interact with facial appearance.” Philosophi- cal Transactions of the Royal Society B: Bio- logical Sciences, 364(1535), 3497-3504). Isso sugere que o formato do rosto não apenas comunica informações estáticas sobre a iden- tidade e características pessoais, mas também desempenha um papel dinâmico na expressão e interpretação de estados emocionais.
A comunicação não-verbal através do for- mato do rosto é influenciada por uma série de fatores, incluindo predisposições biológicas, experiências sociais e culturais. Estudos mos- tram que nossas respostas a diferentes forma- tos de rosto são parcialmente instintivas, mas também são moldadas por normas sociais e culturais que influenciam nossas percepções e interações (Jack, R. E., & Schyns, P. G., 2015. “The Human Face as a Dynamic Tool for Social Communication.” Current Biology, 25(14), R621-R634). Assim, enquanto algumas reações a características faciais podem ser uni- versais, outras são significativamente influen- ciadas pelo contexto cultural e social em que um indivíduo está imerso.
Compreender o impacto do formato do rosto na comunicação não-verbal é funda-
mental para decifrar complexas interações so- ciais, pois permite uma melhor interpretação das intenções e emoções dos outros. Isso tem implicações importantes não apenas para as interações cotidianas, mas também para áreas como a negociação, a mediação de conflitos e a psicoterapia, onde uma leitura precisa das ex- pressões faciais é crucial para o sucesso (Blair, I. V., Judd, C. M., & Chapleau, K. M., 2004. “The influence of Afrocentric facial features in criminal sentencing.” Psychological Scien- ce, 15(10), 674-679). Portanto, o estudo do formato do rosto e seu papel na comunicação não-verbal é uma área de pesquisa importante que atravessa disciplinas, incluindo psicologia, sociologia e antropologia.
ALÉM DAS PALAVRAS: ESTUDO COMPARATIVO DA MORFOLOGIA FACIAL E SEUS EFEITOS NA COMUNICAÇÃO IMPLÍCITA
A morfologia facial, indo além das pala- vras, desempenha um papel crucial na comu- nicaçãoimplícita,influenciandocomoasmen- sagens são transmitidas e recebidas sem o uso de linguagem verbal. A expressão facial, como componente integral da morfologia facial, é um veículo poderoso para a comunicação de emoções, intenções e atitudes, servindo como um elemento chave na interação humana. Es- tudos comparativos sobre a morfologia facial realçam a diversidade e universalidade das ex- pressões faciais, evidenciando como traços fa- ciais específicos podem afetar a percepção e interpretação das emoções em diferentes cul- turas (Ekman, P., 1972. “Universals and cultu- ral differences in facial expressions of emo- tion.” In J. Cole (Ed.), Nebraska Symposium on Motivation, 19, 207-283). A pesquisa de
REVISTA A01 ACADÊMICA - Red Fox Editora, v.2 n.1, abr. 2024 - e-ISSN 2675-7850 45
Ekman sobre as expressões faciais universais demonstra como certas emoções básicas são expressas e reconhecidas globalmente, inde- pendente da morfologia facial específica de cada indivíduo.
A morfologia facial e a comunicação im- plícita estão intrinsecamente ligadas às nuances psicológicas e sociais da percepção humana. Estudos mostram que mesmo pequenas varia- ções na morfologia facial, como diferenças na simetria, podem influenciar julgamentos sobre características pessoais, incluindo atractivida- de, confiabilidade e agressividade (Todorov, A., Olivola, C. Y., Dotsch, R., & Mende-Sie- dlecki, P., 2015. “Social attributions from fa- ces: Determinants, consequences, accuracy, and functional significance.” Annual Review of Psychology, 66, 519-545). A maneira como o rosto é percebido pode desencadear julga- mentos e preconceitos implícitos, que por sua vez influenciam a comunicação não-verbal e as interações sociais, sublinhando a comple- xidade da relação entre a morfologia facial e a comunicação implícita.
Além disso, a comparação entre diferen- tes grupos populacionais revela que, embora existam aspectos universais na interpretação das expressões faciais, há também variações significativas influenciadas por fatores cultu- rais, étnicos e individuais (Matsumoto, D., & Hwang, H. S., 2013. “Cultural influences on the perception of emotion.” Journal of Cros- s-Cultural Psychology, 44(1), 41-59). Isso su- gere que a morfologia facial e a comunicação implícita são fenômenos multidimensionais, moldados por uma interação complexa entre elementos biológicos, culturais e psicológicos.
A comunicação implícita através da mor- fologia facial não se limita à transmissão de emoções ou características de personalidade; ela também desempenha um papel crucial na
formação de primeiras impressões, que podem ser decisivas em contextos como entrevistas de emprego, julgamentos judiciais e interações sociais cotidianas (Zebrowitz, L. A., & Monte- pare, J. M., 2005. “Appearance DOES matter.” Science, 308(5728), 1565-1566). Estudos indi- cam que as primeiras impressões são formadas rapidamente e são notavelmente persistentes, mesmo frente a informações contraditórias subsequentes, o que ressalta a importância da morfologia facial na comunicação implícita.
Portanto, a morfologia facial tem um impacto substancial na comunicação implí- cita, afetando a maneira como as pessoas in- terpretam e respondem a sinais não-verbais. Entender as nuances da comunicação facial é essencial para desvendar a complexidade das interações humanas, realçando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar que com- bine insights da psicologia, sociologia, antro- pologia e neurociência para decifrar os meca- nismos subjacentes à comunicação implícita mediada pela face.
MAPEANDO A FACE: ANÁLISE GEOMÉTRICA E SUAS CONEXÕES COM A COMUNICAÇÃO SUBLIMINAR
A análise geométrica da face é uma fer- ramenta poderosa para entender as sutilezas da comunicação subliminar, pois permite uma investigação detalhada das características fa- ciais que influenciam a transmissão de men- sagens não verbais. A morfologia facial, estu- dada através de técnicas de análise geométrica como a morfometria geométrica, desempenha um papel crucial na comunicação subliminar, influenciando a percepção inconsciente e as respostas emocionais dos indivíduos (Dryden,
46 REVISTA A01 ACADÊMICA - Red Fox Editora, v.2 n.1, abr. 2024 - e-ISSN 2675-7850
A R T I G O S
I. L., & Mardia, K. V., 2016. Statistical shape analysis: with applications in R. John Wiley & Sons). A geometria da face, incluindo a dis- tância entre os olhos, o formato do nariz e a largura da mandíbula, pode comunicar uma variedade de características sociais e pessoais, afetando a forma como as pessoas são perce- bidas e como suas mensagens são interpreta- das.
O estudo da geometria facial revela que pequenas variações nas proporções faciais po- dem ter efeitos significativos na comunicação subliminar. Por exemplo, pesquisas indicam que características faciais que se desviam dos padrões culturais de normalidade ou atracti- vidade podem influenciar a forma como as emoções são expressas e percebidas, alterando a eficácia da comunicação subliminar (Little, A. C., Jones, B. C., & DeBruine, L. M., 2011. “Facial attractiveness: evolutionary based rese- arch.” Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 366(1571), 1638-1659). Essas descobertas sugerem que a análise geométrica pode oferecer insights im- portantes sobre os mecanismos subjacentes à comunicação não verbal e subliminar, desta- cando o papel da morfologia facial na modu- lação das interações sociais.
Além disso, a aplicação de técnicas avan- çadas de análise geométrica tem permitido aos pesquisadores mapear as variações faciais e en- tender como estas se relacionam com a expres- são e percepção de emoções. A análise geo- métrica fornece uma metodologia quantitativa para avaliar a expressividade facial, facilitando a compreensão de como certas configurações faciais afetam a comunicação subliminar (Zai- del, D. W., & Cohen, J. A., 2005. “The face, beauty, and symmetry: perceiving asymmetry in beautiful faces.” International Journal of Neuroscience, 115(8), 1165-1173). Este tipo
de análise permite uma avaliação mais precisa das nuances da comunicação facial, propor- cionando uma base científica para a análise das complexas interações entre a morfologia facial e a comunicação não verbal.
A comunicação subliminar, mediada pela geometria da face, é um aspecto fundamen- tal da interação humana, influenciando tanto a emissão quanto a recepção de sinais comu- nicativos. Estudos em áreas como psicologia social e antropologia visual têm demonstrado que a comunicação subliminar desempenha um papel importante na formação de impres- sões sociais e na tomada de decisão, enfati- zando a necessidade de compreender as bases geométricas da expressão facial (Bruce, V., & Young, A., 2012. Face perception. Psychology Press). Isso aponta para a importância de uma abordagem interdisciplinar no estudo da mor- fologia facial, integrando conhecimentos de biologia, psicologia, antropologia e tecnologia.
Portanto, a análise geométrica da face é uma ferramenta valiosa na exploração da co- municação subliminar, oferecendo insights profundos sobre como as características fa- ciais influenciam a percepção e interpretação das mensagens não verbais. Ao mapear a face e entender suas conexões com a comunicação subliminar, podemos desvendar as complexi- dades da interação humana e melhorar nossa capacidade de interpretar e responder às sutis nuances da comunicação não verbal.
ROSTOS FALAM: INVESTIGANDO A RELAÇÃO ENTRE ESTRUTURA FACIAL E SINAIS DE COMUNICAÇÃO OCULTOS
A estrutura facial tem um papel fundamen- tal na comunicação humana, especialmente na
REVISTA A01 ACADÊMICA - Red Fox Editora, v.2 n.1, abr. 2024 - e-ISSN 2675-7850 47
transmissão de sinais ocultos que ocorrem de forma não verbal. Rostos não apenas falam, mas expressam uma rica tapeçaria de informa- ções sociais, emocionais e psicológicas, muitas vezes sem que as palavras sejam necessárias. Estudos no campo da psicologia e neurociên- cia têm mostrado que as características estru- turais do rosto podem influenciar a maneira como as pessoas interpretam sinais sociais e emocionais, desempenhando um papel cru- cial na comunicação interpessoal (Todorov, A., Said, C. P., Engell, A. D., & Oosterhof, N. N., 2008. “Understanding evaluation of faces on social dimensions.” Trends in Cognitive Sciences, 12(12), 455-460). A estrutura facial, incluindo a simetria, proporções e expressivi- dade, afeta percepções de atractividade, con- fiabilidade, competência e agressividade, todas elas características importantes na avaliação social.
A percepção e interpretação dos sinais de comunicação ocultos transmitidos pelo ros- to são influenciadas pela morfologia facial, que atua como um veículo de comunicação não verbal. Diferentes formatos e traços fa- ciais podem desencadear diferentes respostas psicológicas nos observadores, influenciando julgamentos e decisões em uma fração de se- gundo (Willis, J., & Todorov, A., 2006. “First impressions: Making up your mind after a 100- ms exposure to a face.” Psychological Science, 17(7), 592-598). Por exemplo, rostos com tra- ços angulares e marcados são frequentemente associados à dominância e à competência, en- quanto rostos com traços suaves são percebi- dos como mais amigáveis e acessíveis.
Além disso, a relação entre a estrutura fa- cial e a comunicação oculta é complexa e in- fluenciada por fatores biológicos, culturais e situacionais. Pesquisadores têm investigado como as expressões faciais, moduladas pela
estrutura óssea e muscular do rosto, são utili- zadas para comunicar emoções e intenções de forma eficaz, mesmo sem intenção conscien- te (Barrett, L. F., Mesquita, B., & Gendron, M., 2011. “Context in emotion perception.” Current Directions in Psychological Scien- ce, 20(5), 286-290). As expressões faciais são componentes essenciais da comunicação não verbal, transmitindo sinais que são fundamen- tais para a interpretação de estados emocio- nais e intencionais.
A investigação científica sobre como a es- trutura facial influencia a comunicação ocul- ta tem implicações significativas em diversos campos, como a psicologia forense, marke- ting, e até no desenvolvimento de tecnologias de reconhecimento facial. A compreensão das nuances na comunicação facial pode ajudar na interpretação mais precisa de emoções e inten- ções, facilitando interações sociais mais efeti- vas e evitando mal-entendidos (Zebrowitz, L. A., & Montepare, J. M., 2005. “Appearan- ce DOES matter.” Science, 308(5728), 1565- 1566). A análise da estrutura facial e sua rela- ção com a comunicação oculta é um campo de estudo multidisciplinar que abrange psico- logia, antropologia, neurociência, e tecnologia da informação, demonstrando a importância de compreender como os rostos comunicam uma gama de mensagens não verbais e subli- minares.
Portanto, a relação entre a estrutura facial e os sinais de comunicação ocultos é uma área de pesquisa fascinante que oferece insights profundos sobre a complexidade da comu- nicação humana. Através do estudo de como características faciais específicas influenciam a percepção e a interação social, podemos des- vendar os mecanismos subjacentes à nossa ca- pacidade de comunicar e interpretar uma vasta gama de informações sem o uso de palavras.
48 REVISTA A01 ACADÊMICA - Red Fox Editora, v.2 n.1, abr. 2024 - e-ISSN 2675-7850
A R T I G O S
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As considerações finais sobre a relação entre a morfologia facial e a comunicação não verbal, bem como seus efeitos na comunica- ção subliminar e implícita, destacam a comple- xidade e a importância de entender a face hu- mana além de sua função estética. A pesquisa revela que o rosto é um canal de comunicação rico e dinâmico, capaz de transmitir uma am- pla gama de informações sociais, emocionais e psicológicas, muitas vezes de maneira incons- ciente e instantânea.
Através da análise geométrica da face, podemos compreender melhor como as ca- racterísticas faciais específicas influenciam a percepção e interpretação das mensagens não verbais, contribuindo para julgamentos rápi- dos sobre confiabilidade, competência, agres- sividade e atractividade. Estas percepções, por sua vez, desempenham um papel crucial nas interações sociais, afetando decisões em con- textos tão diversos quanto justiça criminal, processos seletivos de emprego e relaciona- mentos interpessoais.
As descobertas em torno da comunica- ção facial também ressaltam a influência de fatores culturais e biológicos na interpretação de expressões faciais, indicando que, embora existam elementos universais nas expressões emocionais, há uma variação considerável na forma como diferentes culturas interpretam e valorizam essas expressões. Essa dualidade entre o universal e o culturalmente específi- co na comunicação facial é um campo fértil para futuras pesquisas, visando desvendar as nuances da interação humana em um contexto globalizado.
conexão com a comunicação não verbal abre caminhos para aplicações práticas, como o desenvolvimento de tecnologias de reconhe- cimento facial mais sofisticadas e sensíveis às sutilezas da expressão humana. Além disso, entender a comunicação subliminar através da morfologia facial pode melhorar a nossa capa- cidade de reconhecer e interpretar sinais não verbais em diversos contextos, desde a nego- ciação e a mediação de conflitos até a melhoria das habilidades de comunicação interpessoal.
Em conclusão, o estudo da morfologia fa- cial e sua relação com a comunicação não ver- bal e subliminar é um campo multidisciplinar que oferece insights valiosos para entender a complexidade da comunicação humana. Reco- nhecer e interpretar as mensagens transmitidas pelos rostos pode melhorar significativamente a nossa capacidade de interagir e compreender os outros, reforçando a importância da face como uma ferramenta fundamental na nossa vida social e profissional.
REFERÊNCIAS
Adolphs, R. (2002). Recognizing emotion from facial expressions: psychological and neurological mechanisms. Behavioral and Cognitive Neuroscience Reviews, 1(1), 21-62.
Barrett, L. F., Mesquita, B., & Gendron, M. (2011). Context in emotion perception. Cur- rent Directions in Psychological Science, 20(5), 286-290.
Blair, I. V., Judd, C. M., & Chapleau, K. M. (2004). The influence of Afrocentric facial features in criminal sentencing. Psychological Science, 15(10), 674-679.
A investigação da morfologia facial e sua
REVISTA A01 ACADÊMICA - Red Fox Editora, v.2 n.1, abr. 2024 - e-ISSN 2675-7850 49
Bruce, V., & Young, A. (2012). Face percep- tion. Psychology Press.
Dryden, I. L., & Mardia, K. V. (2016). Statis- tical shape analysis: with applications in R. John Wiley & Sons.
Ekman, P. (1972). Universals and cultural dif- ferences in facial expressions of emotion. In J. Cole (Ed.), Nebraska Symposium on Moti- vation, 19, 207-283.
Ekman, P., & Friesen, W. V. (1971). Cons- tants across cultures in the face and emotion. Journal of Personality and Social Psychology, 17(2), 124-129.
Hess, U., Adams, R. B., & Kleck, R. E. (2009). The face is not an empty canvas: how facial expressions interact with facial appearance. Philosophical Transactions of the Royal So- ciety B: Biological Sciences, 364(1535), 3497- 3504.
Jack, R. E., & Schyns, P. G. (2015). The Human Face as a Dynamic Tool for Social Communication. Current Biology, 25(14), R621-R634.
Little, A. C., Jones, B. C., & DeBruine, L. M. (2011). Facial attractiveness: evolutionary based research. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 366(1571), 1638-1659.
Matsumoto, D., & Hwang, H. S. (2013). Cul- tural influences on the perception of emo- tion. Journal of Cross-Cultural Psychology, 44(1), 41-59.
Matsumoto, D., & Hwang, H. S. (2013). Cul- tural similarities and differences in emblema- tic gestures. Journal of Nonverbal Behavior,
37(1), 1-27.
Todorov, A., Mandisodza, A. N., Goren, A., & Hall, C. C. (2005). Inferences of compe- tence from faces predict election outcomes. Science, 308(5728), 1623-1626.
Todorov, A., Olivola, C. Y., Dotsch, R., & Mende-Siedlecki, P. (2015). Social attributions from faces: Determinants, consequences, accuracy, and functional significance. Annual Review of Psychology, 66, 519-545.
Todorov, A., Said, C. P., Engell, A. D., & Oosterhof, N. N. (2008). Understanding evaluation of faces on social dimensions. Trends in Cognitive Sciences, 12(12), 455- 460.
Trindade, Robson. (2014). Conceitos do belo que influenciam o visagismo. Livros de Visa- gismo. São Paulo.
Trindade, R., Trindade, T. (2017). Bases histó- ricas do visagismo. Livros de Visagismo. São Paulo.
Trindade, R., Trindade, T., Trindade, T. (2019). Bases históricas do visagismo – o belo através das eras: livro II. Livros de Visagismo. São Paulo.
Trindade, R., Trindade, T., Tridade, T., Vi- dal, M., Alves, I. (2020). Bases históricas do visagismo: livro III. Livros de Visagismo, São Paulo.
Trindade, R., Curti, F., Trindade, T., Trinda- de, P., André, C., (2023). Bases históricas do visagismo: livro IV. Livros de Visagismo, São Paulo.
Trindade, R., Trindade, T., André, C. (2017). Visagismo acadêmico. Livros de Visagismo.
50 REVISTA A01 ACADÊMICA - Red Fox Editora, v.2 n.1, abr. 2024 - e-ISSN 2675-7850
A R T I G O S
São aulo.
Willis, J., & Todorov, A. (2006). First impres- sions: Making up your mind after a 100-ms exposure to a face. Psychological Science, 17(7), 592-598.
Zaidel, D. W., & Cohen, J. A. (2005). The face, beauty, and symmetry: perceiving asym- metry in beautiful faces. International Journal of Neuroscience, 115(8), 1165-1173.
Zebrowitz, L. A., & Montepare, J. M. (2005). Appearance DOES matter. Science, 308(5728), 1565-1566.
Zebrowitz, L. A., & Montepare, J. M. (2008). Social Psychological Face Perception: Why Appearance Matters. Social and Personality Psychology Compass, 2(3), 1497-1517.
Comentários