Visagismo: ciência essencial na construção de robôs humanos
Nos últimos 15 anos, o intenso e acelerado desenvolvimento da tecnologia
criou um novo mundo, onde relações humanas foram redefinidas. Nesta
realidade que aproxima o real do digital, robôs têm ganhado mais relevância no
contexto social: deixam de ter a aparência de máquinas para se tornarem
‘pessoas’. Assim, o visagismo se mostra como uma solução inédita e eficaz
para definição harmônica das imagens de robôs.
Na nova formatação das realidades comercial e pessoal, a valorização e
importância da imagem atingiram um novo patamar. A exigência do ‘ser belo’
se tornou uma premissa básica do consumo. A imagem de produtos devem ser
agradáveis aos olhos dos seres humanos.
“É só imaginar uma geladeira. Ela tem uma função de gelar e manter
alimentos, mas ninguém quer comprar qualquer uma. Será escolhida a que
mais agrada em tamanho, cor, forma, etc.”, ilustra Robson Trindade, mestre
em visagismo e o responsável por trazer o Visagismo Acadêmico para o Brasil.
A linha tênue entre empatia e rejeição
Mas, para compreender a importância e necessidade da aplicação do
visagismo na definição das imagens de robôs é necessário compreender uma
linha tênue entre aceitação e rejeição: o “Vale Inquietante” ou “Vale da
Estranheza”.
O termo se refere à rejeição dos seres humanos a um robô quando este atinge
uma aparência “humana demais”. Porém, antes deste ponto, a empatia pela
semelhança da imagem também existe.
Pesquisadores em diversas partes do mundo já se dedicam a estudos para
explicar o motivo deste fenômeno acontecer e alguns achados mostram que
esta reação é subjetiva e está baseada na codificação de um valor não linear
no córtex pré-frontal ventromedial, componente essencial do sistema de
recompensa do cérebro.
Visagismo como solução
Por não ter sido detectado um tipo específico de robô que cause estranheza ou
empatia em seres humanos, entende-se que a combinação de fatores que
compõem a sua imagem é essencial. Construir imagens de robôs que tenham
aparências humanas sem causar rejeição é um novo desafio do mundo
moderno.
“E aí podemos falar de mais um campo de amplo espaço para explorar o
Visagismo, uma ciência que estuda harmonização de imagens e se mostra
necessária também neste contexto social”, afirma Robson Trindade.
O mestre em visagismo explica que sua ciência estuda estruturas faciais,
através de conceitos científicos muito bem embasados e comprovados. “E é
isso o que vai ajudar na construção das imagens dos robôs para atingir a
empatia dos seres humanos”, afirma Trindade.
Quando questionado sobre como imagina que isso poderá ser feito, responde
sem pestanejar sobre imagens que reverberem racionalidade, emoção ou
intuição.
“Para isso, muitas características e detalhes precisam ser profundamente
estudados. Desde tons de peles com base em análise sazonal, formato do
rosto primário, comprimento do pescoço, largura dos ombros, perfil,
sobrancelhas, etc. Tudo isso é utilizado na construção da imagem pessoal
robótica humanizada”, pontua Robson.
A ideia de beleza
O ideal de beleza é um ponto discutível quando o assunto é a construção de
robôs humanos.
“Não podemos esquecer que, segundo os pré-socráticos, esta é uma ideia
individual. Beleza é aquilo que agrada meus olhos”, explica Robson Trindade
citando uma coerência com os resultados de estudos que comprovam que não
há um modelo específico de robô que agrade ou desagrade todos os seres
humanos estudados.
Trindade explica que a aplicação de conceitos do visagismo será a solução
possível para criar diversas imagens para robôs. “Utilizando a proporção áurea
e a sequência de Fibonacci é fácil encontrar o equilíbrio, entretanto não será
esta a ferramenta apropriada para criação de robôs humanizados”.
“O que precisa ser feito é criar, criar, criar para que na hora de adquirir o seu
robô, as pessoas possam escolher, entre tantos, o mais te agrada e causa
empatia”, finaliza Robson.
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